O Bitcoin registrou queda de aproximadamente 2% nas últimas 24 horas, negociando próximo a US$ 87 mil nesta terça-feira, 16 de dezembro de 2025. A criptomoeda estende uma sequência de perdas que vem pressionando os investidores, com saídas líquidas de ETFs de Bitcoin atingindo US$ 357,6 milhões — o maior montante desde 20 de novembro.
Segundo análises de mercado, o Bitcoin enfrenta resistência significativa, com suportes técnicos identificados em US$ 84-85 mil. Uma quebra nesta faixa poderia abrir caminho para quedas mais profundas em direção a US$ 74 mil, conforme alertam analistas especializados.
O Ethereum segue correlacionado aos movimentos do Bitcoin, refletindo a volatilidade geral do mercado de criptomoedas. A estabilização intradia observada em algumas sessões não foi suficiente para reverter a pressão de baixa que domina o setor.
Brasil: O Ibovespa caiu 2,42% em sessão recente, fechando abaixo de 160 mil pontos (158.578 pontos), pressionado pela indefinição sobre corte na taxa Selic pelo Copom e pela migração de capitais para renda fixa. O dólar comercial subiu 0,73% para R$ 5,462, com alta acumulada de 2,38% em dezembro.
Estados Unidos: O mercado americano reflete dados econômicos mistos. A criação de 64 mil vagas de emprego em novembro superou expectativas, reduzindo apostas em corte de juros pelo Federal Reserve em janeiro. Simultaneamente, o PMI de serviços caiu para 52,9 em dezembro — o menor nível em 6 meses — sinalizando desaceleração econômica.
América Latina: A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) manteve a projeção de crescimento de 2,4% para 2025 na região, com Brasil em 2,5%, mas alertou para fraqueza na demanda interna e volatilidade comercial.
O Federal Reserve cortou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual em sua última reunião de 2025, levando a meta para a faixa de 3,50%-3,75% ao ano. Porém, o comunicado do banco central reafirmou que a política monetária permanece “muito restritiva”.
Membros do Fed apresentaram sinais mistos sobre novos cortes. Enquanto alguns dirigentes defendem afrouxamento adicional, argumentando que a inflação subjacente já está próxima da meta de 2%, outros preferem cautela e manutenção das taxas até maior convicção sobre a trajetória inflacionária.
A nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos, anunciada em dezembro de 2025, marca uma reorientação significativa da política externa americana. A administração Trump prioriza interesses nacionais bilaterais, reindustrialização e controle de recursos estratégicos como terras raras e minerais críticos.
Disputa por Recursos Estratégicos: A China consolida sua posição como principal fornecedora de terras raras e minerais críticos, essenciais para indústrias americanas de veículos elétricos, aviação e eletrônicos. Os EUA buscam alternativas, incluindo investimentos em mineração na América Latina, como os US$ 2,5 bilhões destinados à Serra Verde no Brasil via Corporação Financeira de Desenvolvimento (DFC).
Reconfiguração da OTAN: A estratégia americana sinaliza afastamento do multilateralismo tradicional, com sinais de retirada europeia e exigências de aumento de gastos militares. A Europa responde militarizando-se sob o pretexto da ameaça russa, enquanto a Rússia vê a doutrina Trump como “passo positivo” para negociações sobre Ucrânia.
A confluência de fatores — volatilidade econômica global, incerteza sobre política monetária e reconfiguração geopolítica — cria um ambiente desafiador para criptomoedas e mercados emergentes.
A pressão sobre o Bitcoin reflete não apenas dinâmicas técnicas de mercado, mas também o contexto macroeconômico mais amplo. Investidores buscam segurança em ativos tradicionais enquanto aguardam maior clareza sobre a trajetória das taxas de juros americanas e o impacto das políticas comerciais de Trump.
Para o Brasil e demais economias emergentes, a combinação de juros altos nos EUA, volatilidade cambial e incertezas geopolíticas representa desafio significativo. A fuga de capitais para ativos de renda fixa americana e a pressão sobre moedas locais tendem a persistir enquanto não houver maior convicção sobre a estabilidade econômica global.
Analistas acompanham atentamente os próximos indicadores econômicos americanos, particularmente dados de inflação e emprego, que definirão a postura do Fed em 2026. Para o Bitcoin, a manutenção dos suportes técnicos em US$ 84-85 mil será crucial para evitar quedas mais profundas.
A geopolítica continuará moldando os mercados financeiros globais, com a disputa por recursos estratégicos e a reconfiguração das alianças internacionais criando oportunidades e riscos para investidores em criptomoedas e mercados emergentes.


